Raul Silva Dico e os tempos da erva mate.
Pioneiro Raul Silva Dico revela como era a vida nos tempos da erva-mate
Filho de um dos grandes desbravadores de nossa fronteira Manoel Silva
Dico seu Raul também grande pioneiro deixou seu legado em nossa cidade e nesta
entrevista feita a alguns anos conhecemos melhor essa família e sua importância.
Entrevista realizada em abril de 2012
A erva-mate:
“E aquela tropa, de quarenta a cinquenta mulas, todas
arriadas com cangalha e bruaca, vinha vagarosamente pela picada, cortando o
Peperiguaçú, na travessia do Brasil para a Argentina. Esse foi o tempo da
erva-mate, que fez parte da minha e da vida de meu papai, que foi o maior
comerciante daqui da região da tri-fronteira, nas décadas de 1930 e 40”.
A frase acima foi dita pelo ancião Raul Silva Dico, a época com 95 anos de
idade, terceiro filho de um dos primeiros moradores das cidades trigêmeas:
Manoel Silva Dico.
Quase surdo, trêmulo, fraco dos pulmões, Raul Silva Dico parece estar
com a mente iluminada, respondendo a cada pergunta com uma energia
extraordinária, remontando cada momento em sua lembrança. “Esse caminho da
erva-mate, que saia de Campo Erê, Palma Sola, Tracutinga, de toda região,
seguia daqui até porto Bemberg, hoje porto Libertá. Estas viagens eram comuns,
e os tropeiros tinham estrutura, tinha barracas de taquara para as paradas, e
assistência pelo caminho, cuja viagem levava quatro ou cinco dias. De porto
Bemberg, a erva seguia até Posadas por água”, explicou Raul Silva Dico.
Ele explicou que Manoel Silva Dico fora um pioneiro que visualizava
oportunidades. “Meu papai veio de Soledade, no Rio Grande do Sul, em 1904.
Aqui em Dionísio Cerqueira quando tinha 20 anos, casou-se com minha
mamãe que veio de Posadas, Rosa Lopez, na época com 15 anos, para ser “maestra”
na primeira escola de Bernardo de Irigoyen. Meu papai virou comerciante e
chegou a ter dezenas de tropas de mulas em trânsito, cada uma com quarenta ou
cinquenta mulas, com acampamentos de barbaquá em todo lugar para secar ervas,
com enormes depósitos e uma grande quantidade de funcionários”, revelou Silva
Dico.
Na divisa entre o Brasil e Argentina, onde hoje está a aduana, Raul
disse que só existia uma barreira de madeira, controlada por dois guardas que
se revezavam em turnos, ambos pagos pelo Manuel Silva Dico. “Na época, meu
papai tinha um sócio em seus negócios, Alfonso Arrechea, que mais tarde teve um
filho governador de Missiones por três mandatos, Claudio Arrechea”.
Manoel Silva Dico, que era chamado respeitosamente por Dom Manuel,
morreu em 1955 em Buenos Aires, após exercer durante anos a função de primeiro
presidente da Comissão de Fomento de Bernardo de Irigoyen, cargo que é hoje o
Intendente. Ao noticiar sua morte, diversos jornais da imprensa argentina
lamentaram dizendo ter sido “Dom Manuel um homem de fé inabalável, inquieto e
preocupado com o desenvolvimento da sua comunidade”.
Raul Silva Dico assumiu os negócios do pai e, por mais de 60 anos, foi
comerciante em Bernardo de Irigoyen, tendo sido, assim como seu pai, presidente
da Comissão de Fomento, na década de 1950. “Naquela época a gente trabalhava
pelo município de graça, por solidariedade mesmo, não como hoje, que o
intendente ou o prefeito, tem um salário alto para exercer a função. Como
presidente de Fomento, meu principal trabalho era abrir ruas e manter a
normalidade local, principalmente porque aqui tínhamos a ‘Escuela da Frontera’,
no qual estudavam muitos brasileiros, já que no Brasil demorou até construírem
uma escola. Contribui muito com aquele educandário”, destacou Silva Dico.
Raul Silva Dico falou sobre diversos assuntos, sobre o tempo dos banditismos, sobre as revoluções, também sobre o contrabando na fronteira, hoje não sabemos precisar nenhuma informação sobre Raul já que esta matéria foi feita 13 anos atrás e devido a avançada idade e não conhecermos mais nenhum familiar não conseguimos mais dados para atualiza-la.
A titulo de informação a anos atrás dois familiares comentaram em nosso blog antigo nessa matéria original, são eles o familiar Rafael Angel Silva Dico e outro que se identificou como sendo seu neto e afilhado Juan Manoel Sureda os quais passaram o ano correto da morte de Manuel e também o nome correto do porto Bemberg para onde era levado a erva mate, fica aqui o relato desta importante figura tanto na pessoa de Raul como de seu pai Dom Manuel e toda a vasta e numerosa família Silva Dico tanto no Brasil quanto na Argentina.
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Contato Cleiton Fone/Watts 499 33007886
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